A arte médica está em risco?

Precisamos evitar que ocorra a coisificação da vida humana e que o materialismo e a tecnocracia roubem a alma da medicina.
"O médico", 1891, obra de Luke Fildes

A medicina é a arte do encontro entre um ser humano em sofrimento e outro que está preparado e desejoso de lhe prestar auxílio. Neste âmbito, tudo de bom pode ocorrer: a solidariedade, a compaixão, a técnica, o calor humano, a percepção do outro em seus potenciais e suas vulnerabilidades. Tudo estará ali, à disposição da mudança e da cura. Deste encontro humano, tanto o médico, como o paciente poderão sair acrescentados, enriquecidos.

Há décadas, no entanto, há uma forte pressão para tornar a Medicina um território árido, no qual o paciente seria objeto de observação e o médico, ao preencher entrevistas binárias com respostas “sim” ou “não”, teria a conduta definida por um protocolo previamente formatado.

Assim, todos os elementos já estariam pré-estabelecidos, de tal maneira que não caberia mais a criatividade, a ousadia e a genialidade do médico para fazer todo esforço, quer seja intelectual, quer seja humano, no sentido da cura do paciente ou, pelo menos, de reduzir-lhe o sofrimento.

A medicina é mais do que ciência aplicada à vida, portanto não pode ser restringida às teorias, dados estatísticos e meios materiais, pois há algo que transcende.

É inaceitável transformar a medicina em algo tão pobre que haja somente uma perspectiva, que lhe é imposta por influenciadores externos, que prejudicam autonomia médica e a liberdade de ver o caso com suas potências e avaliar alternativas.

Precisamos evitar que ocorra a coisificação da vida humana e que o materialismo e a tecnocracia roubem a alma da medicina.

Faço aqui um apelo aos pacientes, para que valorizem a medicina humanizada e prezem pelo atendimento individualizado. Aos colegas médicos, sugiro que busquem informações atualizadas e qualificadas, de fontes fidedignas, isentas de manipulações ideológicas e/ou de interesses escusos.

Somente nos tornaremos uma sociedade evoluída se cada um de nós fizer uma reavaliação de valores e redirecionar suas escolhas para metas mais aprimoradas.

Neste momento histórico, pós-pandemia, estando unidos, médicos, pacientes e a sociedade poderão contribuir decisivamente para o futuro da Medicina e a renovação da sagrada arte de curar.

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Foto de Ana Cristina Cardoso Lemos Malheiros

Ana Cristina Cardoso Lemos Malheiros

Médica psiquiatra com formação em Medicina Antroposófica, com 35 anos de atuação.

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